Ao todo, foram mobilizadas três equipes para a região e “foi instaurado Notícia Crime em Verificação (NCV) para confirmar se a morte do indígena tem relação com disputas territoriais locais ou que atinja a comunidade indígena como um todo, já que, neste caso, seria de competência da Justiça Federal processar e julgar”.
De acordo com a denúncia, Alex estava acompanhado de outros dois jovens indígenas quando foi morto. O corpo teria sido levado para o lado paraguaio da fronteira, que fica a menos de dez quilômetros dos limites da reserva indígena.
De acordo com o Cimi (Conselho Indigenista Missionário), fotos mostram o corpo de Alex com pelo menos cinco orifícios compatíveis com projéteis de armas de fogo. A cidade de Coronel Sapucaia fica separada de Capitán Bado, no Paraguai, apenas por uma avenida.
Em protesto, o povo Guarani e Kaiowá chegou a ir até a propriedade rural, cujo nome não foi divulgado, mas foi impedido por um bloqueio. Segundo o Cimi, a barreira foi posicionada na rodovia MS-286, que atravessa a Terra Indígena Taquaperi e também dá acesso a outras comunidades indígenas da região.
“Os Guarani e Kaiowá cobram que o assassinato seja investigado com urgência pelas autoridades federais, pois temem que o cenário do crime seja alterado e que a perícia seja inviabilizada”, diz texto divulgado no site do Cimi.
A Aty Guasu, Grande Assembleia Guarani Kaiowá, publicou uma carta lamentando o episódio e também o vasto histórico de violência de fazendeiros contra indígenas do povo Guarani Kaiowá.
“Alex, menino de 18 anos, cheio de sonhos, como as demais crianças e jovens lutavam – porque, no MS [Mato Grosso do Sul], para um Kaiowá viver é lutar – para ter um futuro em meio à violência e genocídio que nos cerca. Ele é o quarto da família extensa Lopes que é assassinado em Coronel Sapucaia desde 2007, em uma sequência de ataques que nunca para e que nunca parou contra nossos territórios”, diz um trecho da carta da Aty Guasu.