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Denúncia que originou Cascalhos de Areia aponta que empreiteiro seria sócio de ex-prefeito da capital

O Enfoque MS noticiou a realização da ‘Operação Cascalhos de Areia’.

Por Redação em 17/06/2023 às 13:26:01

Procedimento (não) fiscalizatório

Conforme a ação do MPE-MS, a denĂșncia aponta que um possĂ­vel esquema, previa uma fiscalização, que seria para "inglĂȘs ver", somente na teoria, pois o fiscal apenas tirava uma foto de uma Ășnica pĂĄ carregadeira no local, como "prova" da medição do serviço. Com o dinheiro das licitações vencidas por Patrola, Marquinhos compraria imóveis, que seriam gerenciados pela esposa do empreiteiro, em Campo Grande.

O MPE aponta que a investigação teve inĂ­cio pela denĂșncia anônima, conforme destacado no acórdão da 3ÂȘ Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de MS. "André Luiz dos Santos venceu essa licitação em processo fraudado para beneficiar sua empresa, que é empresa de fachada do prefeito Marquinhos Trad. O assunto da licitação foi sobre via não pavimentada, para evitar fiscalização na execução dos trabalhos", diz trecho da denĂșncia. Contrataram apenas uma pĂĄ-carregadeira por uma semana, para que o fiscal tirasse fotos dos serviços. O valor milionĂĄrio foi utilizado para a aquisição de imóveis em Campo Grande, para uso famĂ­lia Trad, em nome de André Luiz dos Santos", descreve denuncia de que teria sido feita por servidor da Secretaria de Obras.

O servidor aponta na denĂșncia que esquema semelhante é realizado em CorumbĂĄ, na licitação de maquinĂĄrios alugados e limpeza de ruas, e o valor da licitação ganha foi utilizado para a compra de uma fazenda em Corguinho. Por fim, o servidor desabafa. "Estamos cansados de nos submeter a esse sujeito na Prefeitura Municipal, pois nos obrigam a fraudar licitação, jĂĄ que a ordem vem de cima".

A partir dessa investigação, os promotores Adriano Lobo e Humberto Lapa Ferri, da 29ÂȘ e 31ÂȘ Promotoria de Justiça do Patrimônio PĂșblico de Campo Grande, começaram a analisar os contratos de aluguel de maquinĂĄrios e cascalhamento na Prefeitura, que culminaram na operação deflagrada.

Trad diz ser amigo de Patrola, mas nega ter negócios

Marquinhos Trad não foi alvo da Operação Cascalhos de Areia, e ele jĂĄ se manifestou duramente que "A denĂșncia anônima teria sido feita em seis a sete linhas em uma folha de caderno e que não tem nenhum fundamento", eagiu o ex-prefeito.

"O André Patrola é meu amigo, como outros são amigos dele", destacou Marquinhos. "Eu nunca fiz negócios com o André Patrola", rebateu, relatando que outros polĂ­ticos poderosos e empresĂĄrios, inclusive donos de veĂ­culos de comunicação, mantĂȘm negócios com o dono das empresas AL dos Santos e ALS Transportes.

Questionado se acompanhava a execução dos contratos de cascalhamento em bairros sem asfalto enquanto prefeito, Marquinhos desconversa. "Tudo era pregão eletrônico. Não existe. Se vocĂȘ ler de fato a denĂșncia anônima de oito linhas eles falam da execução, não da licitação. Além disso, faz o levantamento dos valores de contrato que ele tem ou teve durante meus cinco anos e o que ele tem no Governo do Estado. Por que vocĂȘs -imprensa- não fazem isso?", questionou.

No entanto, se divulgou desde o primeiro dia da operação que além dos R$ 24.705.391,35 em contratos com a administração municipal para serviços de cascalhamento na região do Prosa, Patrola mantém atualmente, R$ 195,8 milhões em obras pĂșblicas na região do Pantanal.

A reportagem apontou inclusive que os valores pagos a outros fornecedores por quilômetro quadrado no interior do Estado são menores. HĂĄ menos de dois anos, um empreiteiro recebeu R$ 27,2 milhões para cascalhar 59,2 quilômetros de uma rodovia pantaneira.

Ou seja, a empresa fechou a licitação por R$ 459,6 mil o quilômetro de cascalhamento. JĂĄ a ALS Construtora recebeu R$ 1,3 milhão por quilômetro, R$ 922,4 mil a mais por quilômetro de cascalho que o outro empreiteiro, para realizar exatamente o mesmo serviço em trecho semelhante da mesma rodovia.

Corrupção e fraude

Os promotores pediram autorização para as buscas e tiveram o pedido negado pelo juiz Valdir Peixoto Barbosa, da 5ÂȘ Vara Criminal de Campo Grande. Então, recorreram ao TJMS, que autorizou a busca e apreensão em 17 locais relacionados a empreiteiros por supostos crimes de fraude a licitação, corrupção passiva e ativa, peculato, lavagem de capitais e organização criminosa.

O Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção) e o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) cumpriram mandados para apurar possĂ­vel inexecução contratual por parte das empresas licitantes. Segundo o documento que autoriza a operação, a investigação apurou que hĂĄ fortes indĂ­cios de irregularidades na execução e fiscalização de diversos contratos.

O relator foi o desembargador Zaloar Murat Martins de Souza.

Confira a lista:

1) André Luis dos Santos, dono da ALS dos Santos e ALS Transportes;

2) Mamed Dib Rahim;

3) Edcarlos Jesus da Silva, da MS Brasil Comércio Eireli e Engenex Construções;

4) Paulo Henrique Silva Maciel, dono da Engenex;

5) Ariel Dittmar Raghiant, engenheiro da Engenex;

6) Patricia da Silva Leite, funcionĂĄria da Engenex.

7) Adir Paulino Fernandes, dono da JR Comércio e Serviços;

8) Medhi Talayeh, engenheiro da Prefeitura – Supervisor SISEP;

9) Edivaldo Aquino Pereira, servidor pĂșblico SISEP – Gestor de Projetos

10) Erik Antônio Valadão Ferreira de Paula, servidor PĂșblico SISEP;

11) Fernando de Souza Oliveira, servidor da SISEP;

12) Rudi Fiorese, ex-SecretĂĄrio de Obras – SISEP;

14) Engenex Construções e Serviços;

15) JR Comércio e Serviços;

17) SISEP – Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços PĂșblicos da Prefeitura de Campo Grande.

Além das buscas, ficou autorizada a apreensão dos aparelhos telefônicos de André Luiz dos Santos, Mamed Dib Rahim; Edcarlos Jesus da Silva, da MS Brasil Comércio Eireli e Engenex Construções; Paulo Henrique Silva Maciel, dono da Engenex; Ariel Dittmar Raghiant, engenheiro da Engenex; Patricia da Silva Leite, funcionĂĄria da Engenex, Adir Paulino Fernandes, dono da JR Comércio e Serviços; Medhi Talayeh, engenheiro da Prefeitura – Supervisor SISEP; Edivaldo Aquino Pereira, servidor pĂșblico SISEP – Gestor de Projetos, Erik Antônio Valadão Ferreira de Paula, servidor PĂșblico SISEP; Fernando de Souza Oliveira, servidor da SISEP e Rudi Fiorese, ex-SecretĂĄrio de Obras – SISEP.

O objeto, segundo a determinação, é fazer a extração forense e materializar eventuais evidĂȘncias dos delitos em aplicativos como o "WhatsApp" e "Telegram", entre outros

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